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O "puxadinho" é uma popular ciência arquitetônica que cria espaço onde aparentemente não há mais espaço. Ele alarga, puxa, arrasta, arrisca, cria, estica, permanece, convive, adapta, transgride, alimenta, possibilita, atravessa, ameaça. Como perceber o corpo desse "puxaço"? Quantas sofisticadas gambiarras o corpo produz para adaptar-se? Enquanto ao tempo puxadinho?
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Tomasello - Why We cooperate ->
Marten Spangberg - Spangbergianism ->
Cada dia que passa a inutilidade nos encanta mais. Parece que o inútil não tem permissão para existir em um mundo onde o produtivo é a lógica da "decência".

Indecente. Assim é o ser inútil, inoperante, desnecessário.

Até mesmo o nada, com o seu status poético não ofende tanto quanto a inutilidade. Mas o que há de tão valoroso neste inútil estado onde a existência está focada na experiência em sí e não na pró-atividade dedicada a um objetivo, uma síntese financeira, ideológica, justa, capaz, psicológica, funcional?

Gostamos quando Agamben em seu difícil livro "A Comunidade que vem" diz que se o homem fosse ou tivesse de ser esta ou aquela substância, este ou aquele destino, não existiria nenhuma experiência ética possível - haveria apenas deveres a realizar.

Desconfiamos que o inútil tem o sabor de ser na sua própria possibilidade/potência de existir.


Somos inúteis, logo existimos.


Sentimos o cheiro de Paulo Leminski. Sua absurda e motivante viagem junto de René Descarte a Pernambuco de Nassau parece que inventa uma fortuna que é "Catatau". Um road-movie rodado no século colonial que combaleante dá poder para a linguagem e tira do sujeito o jeito.

Não mais nós e sim eles. Agora é que são eles. Agora deixamos ser. Eles que distorcidos pela linguagem desconhecem o seu. Ela, linguagem que inutil não representa e amassa o que queremos dela: a decência, o dizivel, a verdade, a justificação.

i.nú.til
inutile

que não é útil
"A dúvida é o preço da impureza, e é inútil ter certeza."
improfícuo;desnecessário;baldado;vão

(Pejorativo)

- Aquele que não serve para nada.
- O que é IMPRESTÁVEL


45,33,78
São Paulo 19/03/2012
PDF "A Comunidade que vem" Giorgio Agamben
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"Dance is something that we do, like driving a taxi, being a civil servant. We like it a lot but don’t let that make it into a calling, some internal urgency or a reason to not get paid properly." Marten Spangberg
Licença Creative Commons

FIGURINO GÉNÉRIQUE

elaborada a partir da ferramenta GÉNÉRIQUE disponibilizada por everybodystoolbox

Pré Requisito:
Trazer um figurino que você já usou ou usaria numa peça de dança contemporânea, sabendo que este ficará disponibilizado em uma arara para uso coletivo durante a realização desta ferramenta.

FIGURINO GÉNÉRIQUE
Esta ferramenta foi pensada para promover e estimular uma reflexão sobre escolhas de figurino e suas relações estéticas e conceituais. O que essa escolha pode vir a agregar ou não ao trabalho, o que produz enquanto outras metáforas perceptivas, entre outras.

Como:
Os participantes colocam seus figurinos em uma arara coletiva ou similar.
Os participantes organizam-se em dois grupos: performers e plateia.
O grupo de performers vai até a arara coletiva e, sem comunicação verbal, selecionam e vestem peças para compor o seu visual de figurino-de-final-do-espetáculo.

O ato de compor o figurino-de-final-de-espetáculo deve levar em consideração as escolhas que cada performer faz para esta composição. Deve-se sempre estar atento às relações com os outros performers e suas escolhas, pois todos estão implicados no jogo/performance. Nada é combinado antes e a duração dessa composição de figurino respeita até que o último performer tenha concluído o seu figurino.
Assim, quando todos estão vestidos, dá-se início à ferramenta seguinte:
GÉNÉRIQUE (performance).
Sugerido
pela multidão ->>>>>>>>>>>>>
ARQUEOLOGIA DO FUTURO
Ingredientes

Serve: 8

3 cenouras médias raspadas e picadas
3 ovos
1 xícara de óleo
2 xícaras de açúcar
2 xícaras de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
1 pitada de sal
Manteiga para untar
Farinha para polvilhar


Modo de preparo
Prep: 15 min | Cozimento: 40 min

1.Bata no liquidificador todos os ingredientes, acrescentando a farinha aos poucos.

2.Unte e enfarinhe uma forma de furo no meio. Despeje a massa nela. Asse em forno médio preaquecido por 40 minutos. Tire do forno, espere amornar e desenforme.
BOLO DE CENOURA
(saber e sabor têm, em latim, a mesma etimologia)
O “puxadinho flutuante ”surgiu em 2007 na Baia de Guanabara, mais precisamente no Canal do Cunha, situado entre o Complexo da Maré e a Ilha do Fundão, onde passa uma das vias mais importantes da cidade do Rio de Janeiro, a Linha Vermelha, que liga a Baixada Fluminense ao Centro e a Zona Sul da cidade.
PUXADINHO
FLUTUANTE
,mais conhecido como Luis Bispo, criador do “puxadinho flutuante”, o construiu com o lixo que encontrou no próprio local. Ele utilizou garrafas pets, isopor, colunas de ferro, armação de janela, madeira e até concreto armado que foi recolhido numa área de despejo na Baia de Guanabara. O “puxadinho flutuante” tem garagem para o seu Chevrolet Opala e para um Jet Ski que abandonaram num lixão vizinho.
Luis Fernando Barreto de Queiroz Bispo
Curiosidade->->->-> No carnaval de 2008, Luis Bispo, com seu “puxadinho flutuante” onde tinha até uma piscina, foi assistir a concentração das escolas de samba no Canal do Mangue, na Avenida Presidente Vargas. Incrível este cara!!!!!!!!!!!!!!!!!!
"Significado de puxadinho: é uma extensão feita em uma Casa, Boteco, ou Bar, de forma ilegal para aproveitar mais o espaço e poder utiliza-lo como um novo ambiente."

"Função"

"Em um Boteco: para colocar mesas e receber clientes."

"Em uma Casa: para fazer mais um ambiente."
Allyson Amaral
São Paulo 20/03/2012
CELEBRIDADE
DECADENTE
CADENTE
DENTE
ENTE
TELL
LIE
VISION
Oceano
índico,

60º ao

sul
São dez horas e dez minutos, horário de Brasília. Aqui embaixo é frio e úmido e eu acabo de comer um leão marinho. Estou em missão subaquática em busca de jóias marinhas, afastada da luz solar, fator 50. Mesmo assim, me encontro vulnerável aos meus colegas 45 e 78, que insistem em tentar comunicação, me ligam às 3h da manhã e publicam fotos de paparazzi para aumentar a polêmica. Eu puxo uma bóia, subo à superfície, esses caras são supimpa.

Analisando essa cadeia hereditária, quero me focar nessa situação precária. Assim como a palavra inutilidade vem nos fascinando, a palavra precário me faz escrever um poema transparente, e me transporta para o meu cofre de moedas falsas. Ai, um peixe espada me atacou. A fragilidade é um defeito? Algo na vida não é transitório? Aqui, a 400 metros de profundidade, no Oceano Índico, só tenho provas que nada permanece por mais que uma onda vaga lavada salgada. Tudo balança, hesita e transita, basta olhar no fundo dos olhos da Arraia, um ser enigmático. Sou precária e não desisto nunca.

Nós, débeis, inúteis e instáveis, acreditamos que o precário reúne qualidades inerentes à nossa (im)permanência na Terra. E você, inútil, incoerente e precário, também deve ser um baita de um precário pra ter conseguido chegar até aqui.E para não falar que eu não falei de flores, deixo vocês porque um tubarão martelo me cutuca os quadris e me chama para compor uma canção em yiddish, lá no buraco da lacraia..

Eu digo a ele que eu não sei, mas como boa precária que sou, vou dar meu puxadinho.
Fiquem agora com um trecho do precário Julio Cortázar, Carta a Rocamadour, capítulo 32, Rayuela.

Em cima, embaixo, e puxa e vai.

Priscila Maia
22.03.2012
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FUGIR PARA TODOS OS LADOS

O jogo começa antes mesmo de começar.
Andam como os que correm em direção há uma cesta, um gol, uma rede que não existe nem nunca existiu, mas que na sua ausência se faz presente.

Quantos pontos? Quantos times? Lá? Cá? Aqui? Esquerda? Direita?
O não saber faz o instante duvidar. Faz o espaço-tempo caducar. O objetivo padecer na ignorância.

Um corpo "quiça".

Não o nosso corpo.
Não somos donos.

Nós corpo não sabemos ainda o que podemos todavia desejamos "estende-lo".
Estender a dúvida. Esticar a vontade por experimentar um:

Quizás

Quizás

Quizás
Bruno Levorin
25.03.2012

(coming soon)